“Expressionismo Alemão”
eu fico pensando na vida
a vida tem todos os jeitos
pra mim você tem todos os indícios
que jazem em plenos incêndios.
eu deixo no peito um suspiro
e fica na alma um enguiço
e trava e engata um alívio
e todo o meu silêncio pífio.
eu fico sem jeito no espaço
eu fico espalhado no mundo
eu saio catando os pedaços
que eu deixei nesse segundo.
eu fico pensando na vida
eu fico pensando no agora
colecionando tropeços
eu fico querendo ir embora.
mesmo sabendo que esse caminho eu tenho perdido de vista
e mesmo sabendo que embora eu pense, o alcance na mente e a voz continua:
nunca desista.
e eu acredito nas palavras que eu ouço trazidas do vento
e no lado de fora da vida, do que é ensinado a cada momento.
e mesmo que eu diga que nada é perfeito e que é necessário respeito reforçar
eu reviro os olhos pra cada minuto que eu vivo após despertar.
das marés que circundam meus olhos
dos mergulhos pra dentro do espelho
o que há de tão vil no mistério?
o que há de novo no que é velho?
a redundância da vida
os temas tão rotundos no dia.
e vão descendo ao chão
os valores, os velhos e várzeas da população.
a falta do pão de cada dia
o choro insurgente de medo
e falta um pouco de alegria
e o que eu quero? Sossego.
e enquanto eu vejo o estereótipo
e quando eu vejo de longe o verde,
de mim, eu tiro todo o ódio
eu tiro do peito uma sede.
eu tiro um suspiro de vida
de tudo o que habita em mim
eu tiro um pedaço de amor
eu tiro um presságio do fim.
esmagam de mim os motivos
pisam com raiva os sorrisos
e permeia a desvalorização
dos gritos do meu coração.
a sombra do lado de fora
ela corre, ela mata, ela chora, ela explode
a minha presença morena, pequena, envenena, você vê e condena
eu vou pra cadeia e você ganha um posto na cena.
e é um prêmio que eu taco no fogo junto aos efêmeros desgostos que do meu
dia eu retiro
de fatias de gordas granadas gramaticais
e de costume, eu me revolto no cais
e de lá pra cá é um tiro.
geração coca cola?
geração perdida?
juventude gangrena nos bailes dessa vida.
e quem diga que a vida é um filme antigo
uma pena, um ciclo, um grande erro.
pro medo ficcionista colado nas películas é pouco.
sejamos não sempre quase sempre desunidos
de volta ao começo.
“Infinito Líquido”
Ato fino
Fino trato
Lado morto
Do outro lado.
Expansão da explosão
A veridicidade da emoção
A parte inacabada de uma velha canção
O recado incompleto, sem endereço, sem identificação.
O hoje é ontem
A vinda vívida da vida vira vinho envelhecido, torpe, mórbido.
Nas sete quedas do amor
Não há pára-quedas que amorteça
Pra que no fim a morte aqueça.
O avião voa
A culpa trovoa
O caçador mata
O magnata engana
Um horizonte em chamas
O tempo-espaço traçado em um diagrama
O errático difama
O erótico, desvaloriza a grana, a dama
E tu, amas?
“Todos os Erros”
Me peguei pensando em todos os erros
Alfabeticamente e cronologicamente
Todos. Os. Erros.
No erro de acordar com o pé esquerdo
No erro do café
No erro do almoço
No erro do trabalho
No erro de sorrir sem motivo
No erro de pensar o que a outra pessoa está pensando
No erro de comer, de vestir, de falar, de se comportar, de escrever, de clamar,
de continuar.
Até no erro de errar.
Errando, errando, errando
E todos os erros
E até parece que eu sou normal
E eu computo e listo e penso e repenso e aprendo e esqueço
Erro por erro
Tropeço por tropeço.
As vezes esqueço que os erros são o que me move
Pois se continuo errando é porque de alguma forma continuo tentando
E as tentativas são válidas
Pois se eu tento, eu avanço, eu aprendo.
Com os erros dos erros
Com os prováveis acertos.
Mas, sempre/nunca junto os erros com os medos
Quando eu me pego pensando em todos os medos.
Todos. Os. Medos.
Medo de acordar, de sair de casa, de cair, de voar, de sonhar, de amar
De morrer e viver
Medo de sentir medo
Medos sobre medos.
E sendo medos sobre medos
E sendo erros sobre erros
E vivendo erros contra medos
Junto medos e erros
Como ecos entre arvoredos
Sempre neles há de haver apegos
Tanto medos quanto erros
Sendo erro, sendo medo, sendo Pedro
Fujo e recuo dos segredos nas pedras
Todos eles frutos de penumbras cegas
De um ser humano tanto incompleto
Ainda tentando e penando buscar um fim para esse enredo
Correndo nesse labirinto de olhos fechados
E desviando dos morcegos, dos torpedos
De todos os medos
Todos os erros.
J.P Schwenck é um autor carioca nascido no ano N⁰ II do século XXI. Proveniente de uma geração hiperativa e explosiva, ele escreve desde os 12. Tem textos publicados na plataforma Wattpad e produz conteúdo artístico independente e efusivamente. Aos 17, publicou “Opus”, seu primeiro livro por si próprio. Inspirado na arte contemporânea e no seu cotidiano, sua missão é expor a sua visão do mundo que lhe absorve e transpor sua liberdade artística.